A TEIA DOS SONHOS

Autora: Karine Aragão 
Páginas: 156    
Editora: Muiraquitã 
Perfeito 5/5

A Teia dos Sonhos – uma das verdadeiras representações dos seres humanos, da realidade cruel que nos cerca e cerca muitos adolescentes dos últimos séculos, inclusive do século XXI. Uma história verídica que temos certeza que já aconteceu, ou está infelizmente acontecendo em algum lugar desse mundo. Uma história que toca profundamente e intensamente nossos corações, nos arrepia, nos emociona e nos envolve.
Assim que eu soube que eu apreciaria A Teia dos Sonhos, a felicidade e expectativas tomaram conta de mim, eu não tive dúvida de que seria diferente e do quão incrível essa leitura seria.
A maravilhosa Karine Aragão “nos presenteou”, me presenteou com a... por mais que seja triste, com a história de Júlia e Laura, duas adolescentes comuns que levam uma vida “normal”.
Certo dia as garotas decidiram tatuar cada uma, o mesmo desenho, no mesmo lugar em suas peles e assim selar uma eterna amizade. Estavam felizes e tudo parecia perfeito, porém ao nascer do dia seguinte, a pior coisa que poderia acontecer na vida de Júlia, aconteceu, ela descobriu que sua melhor amiga Laura havia se jogado da janela do seu quarto, do 13º andar do prédio.
E em meio a separação de seus pais, a ausência da figura mãe, do seu amor, dos seus cuidados, e a renúncia ao seu amor (o garoto Bernardo), que havia aberto mão para que a amiga fosse feliz ao lado dele, pois as duas eram apaixonadas por ele, a pior coisa aconteceu, sua melhor amiga, suicidou-se.
Contudo a vida de Júlia virou ainda mais de cabeça para baixo, sem explicações por qual motivo a amiga havia tirado a própria vida, sem encontrar sentido porque ela não contava todos os seus segredos, sem ao menos uma vez Júlia ter desconfiado que Laura faria um absurdo daqueles, Júlia entrou em conflitos emocionais, e passou a viver entre dor e raiva.

“...por mais louca que minha vida estivesse, eu ainda achava que valia a pena viver...”

Me surpreendi com o quanto Júlia é forte, corajosa e decidida.

“Laura, ninguém pode viver com uma máscara o tempo todo. O disfarce cai, a mentira cansa. A gente pode, sim, se permitir ficar triste, chorar, emburrar a cara, não querer dar bom dia pra ninguém... Não é bom estarmos assim sempre, não por causa dos outros, mas por causa da gente mesmo. Só por que estar feliz é melhor que estar triste...”

Com o apoio da mãe que após a morte da amiga tornou-se mais presente em sua vida e a aproximação de Bernardo que era realmente apaixonado por ela, Júlia recebeu conforto das duas partes.
Quantas Júlias e Lauras exitem por aí? Quantas mães como as mães das duas também exitem por aí? São pessoas perdidas, fracas, outras fortes, mas que ainda precisam encontrar seu caminho ou tentar encontrar as respostas para as coisas que acontecem em suas vidas. Infelizmente essa história não é apenas ficção, e sim a pura realidade da vida de muitos. Até quando a vida de muitos serão assim? Não sei – ninguém sabe.

“Minha mãe recentemente me falou que os problemas sempre vão existir, mas é a gente que dá a eles o tamanho que nós quisermos, a gente decide se aquele problema deve ser maior ou menor que todas as coisas boas da nossa vida.”

É incrível como Karine fez tudo se encaixar perfeitamente.
Com lindas ilustrações, inclusive a última que me emocionou e combinou perfeitamente com o final, Karine traz A teia dos sonhos, uma história não apenas de suicídio na adolescência, como também uma história de amizade, amor, conflitos familiares, Bullying, e o principal, uma história repleta de ensinamentos, inclusive representados muito bem pela personagem principal, Júlia, de apenas 16 anos de idade. Uma personagem que amadureceu lindamente ao longo das páginas, e deixou grandes e importantíssimas mensagens a nós leitores.
Todos precisam ler esse livro e todas as Lauras perdidas em seus próprios sentimentos e segredos, precisam ter uma amiga Júlia amadurecida, forte e corajosa ao seu lado, para guiá-la e lhe mostrar o melhor caminho a ser seguido, o caminho da vida.

“A felicidade só pode existir enquanto estamos vivos. A vida é sempre a melhor escolha.”


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